A gente só sabe o que sente.
Ou a que a precedeu:
a dor da gente só nós a sabemos
porque só sabe da dor quem a sente.
Esta é uma constatação minha e quando mais avança-me os dias em idade, a confirmo.
Hoje pela manhã fui visitada pela notícia de que Pedro e Robertinha estarão indo embora.
Já sabia por alto que isso poderia acontecer desde semana passada quando, parciomoniosamente, fui informada pela minha comadre e mãe da Roberta.
Ainda não tinha sido informada porque penso, segundo conheço a Roberta, que ainda era algo muito em consideração.
Hoje, já é uma efetivação.
Foi passar o fim de semana na casa que irá morar com o nosso Pedro.
Enquanto digito choro e choro muito.
Não estava nos planos de Robertinha sair daqui. Até conversamos alguns dias atrás e partilhou comigo o desejo de construir uma casinha para ela no nosso quintal.
Mas repentina, e maldosamente, a pessoa que toma conta do Pedro, que é irmã da Roberta, não quer mais tomar conta dele. E começou a implicar e soubemos que há já prenúncios de mal trato verbal do seu marido para com a criança então.
Não encontrando quem possa ficar aqui com ele, aceitou o convite de sua grande amiga e irmã de coração para morar e junto, e novamente, no subúrbio do Rio, onde existe mais recursos para alguém cuidar do Pedro.
E foi hoje tratar do assunto.
Que dorzinha a separaçãodo Pedro. Que hoje de forma muito especial, na cozinha e no colo de Roberta, me chamou de vovó bonita.
Ah, Deus como estou sofrendo.
E acho que hoje vou tomar aquele porre que já prenunciei com meu amigo Chico uns dias atrás e ele me convidou assistir a um dos jogos do Brasil fazer isso com ele (depois) no seu Restaurante lindo que estou prestes a visitar.
Pedro, é uma criança especial.
De uma delicadeza e alegria que o torna diferente das muitas crianças de dois aninhos.
A minha vida mudou depois que Roberta veio para cá. Acostumada a solidão e casa vazia , as desde que minha mãe faleceu, as vezes me pego cansada com os finais de semana sempre cheios.
Mas um dia desse dialogando por email com minha linda amiga ainda disse: meus fins de semanas tem sido cansativos e de casa cheia e fico feliz mas muito cansada, mas quando penso assim reconheço que devo me alegrar pois o dia que isso mudar vou sentir falta desses dias que hoje me afadigam.
Dito e feito.
Só de pensar, me dói.
Engraçado que hoje pela manhã,na cama ainda, pensava nisso. No silêncio que sinto falta. E agora vou tê-lo de sobra. E isso, agora, me apavora.
Não é a solidão. É o vazio do Pedro e da Roberta.
A solidão não dói. O que dói é a ausência de quem a provoca.
E já me dói a falta dos risos do Pedro, sua doce e terna companhia, suas travessuras e sua cantoria que escuto aqui do meu quarto, que o rebaixamento do pvc nunca inibiu. Graças a Deus, pois assim tenho ainda o que sorrir das muitas lembranças.
Agora é começar de novo. E isso tem sido uma constante nos últimos tempos.
Mas hoje estou triste e sinto-me vazia.
E tenho agora por companhia uma latinha de Brahma.
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