Nesses cinco períodos de licenciatura me acostumei a estudar a noite. Tenho o dia para fazer algumas coisas, tarefas domésticas, saídas e até um soninho depois do almoço.
Também, não na hora como inspiração mas depois do habito adquirido, pensei que aí estudar a noite me faz sentir integrada a uma realidade que não vivo, a do estudo presencial, mas me sinto ilustrada por tal. Algo assim.
O fato é que depois do hábito adquirido não consigo me sentir inspirada a uma mudança. Por vezes até estudo umas horas antes do oficial, mas o sagrado no coração é o da noite.
Enquanto digito essas linhas já em definitivo, nada de esboço - é isso que acho incrível na minha escritora - descobri que posso gostar de estudar a noite pois me sinto acolhida por tantas milhares de pessoas que precisam multiplicar as horas do dia para a noite se graduarem.
Parece um tipo de pertencimento. No fundo a gente precisa se sentir parte de alguma coisa, mesmo quando não se é.
Não fomos criados, ou não nos achamos criados para sermos só. O que atesta isso é que mesmo quando alguém não se sente parte de alguém, procura algo para se sentir pertencido. Animais de estimação pode ser um caminho. Ou mesmo a arte com seu diverso leque de dons.
Por conta de estudar a noite e ficar presa a uma tela com não sei quantos pixels de resolução, acabo tendo insônia.
Assim, hoje depois de um tempo curto estudando, resolvi ler um livro. Manusear sua folhas, percorrer suas linhas sem pensar na entrelinhas.
Dos meus mais queridos, escolhi ~ A Bacia das Almas ~ Confissões de um ex-dependente da Igreja, de 2009, Editora Mundo Cristão, pois só li até hoje uma de suas confissões.
Fui no Sumário e escolhi na página 145 o belíssimo ~ Minha fé não é aquilo o que acredito ~. Já o tinha lido no site da Bacia e muitos anos atrás.
Gostaria muito de transcrever na íntegra suas preciosas linhas, mas sem laptop é impossível. Meus dedinhos não iram aguentar tamanha digitação nesse quadradinho de smartphone.
Preciso muito de um laptop mas no momento não posso adquirir. Meu visitante fiel bem que poderia me presentear, não é mesmo?! Amaria. Não pelo material, mas pelo surreal da coisa.
Já que não posso deixa na íntegra, reservei essa parte já que me senti bem traduzida aqui. E qualquer dia esmiucarei esse sentimento aqui.
O mais irônico de tudo é que resolvi ler para relaxar e descar a visão, e cá estou eu de volta a telinha luminosa.
Nao tecerei elogios pois ao autor, o Paulo Brabo. Já me despetalei aqui neste meu doce bloguinho,~Juntando os Pedaços~ nos mais sinceros elogios e profunda admiração por sua bela, irretocável e inigualável escrita e quão bem ela me fez num período muito crucial de minha espiritualidade.
Vamos ao recorte:
"Nunca deixa de me surpreender que para o cristianismo Deus não enviou para nos salvar um apanhado de recomendações ou uma lista suficiente de crenças, mas uma pessoa. Minha espiritualidade não deve ser vivida ou expressa de forma menos revolucionária. Não pergunte em que acredito."
“O intelectual existe para criar o desconforto, é o seu papel. E ele tem que ser forte o bastante sozinho para continuar a exercer esse papel. Não há nenhum país mais necessitado de verdadeiros intelectuais, no sentido que dei a esta palavra, do que o Brasil." Caio Barbosa.
Nada se encaixa com mais precisão ao Paulo Brabo como essas linhas acima. Seu pensamento crítico, sua imensidão literária, sua percepção aguçada aliada a uma inteligência descomunal o tornam sua leitura necessária e única.
Paulo Brasil, sua ausência deixou um vazio impreenchivel e saudoso nas nossas mentes inquietas e corações sedentos de desconfortos intelectuais. Volta a escrever!
O que você está fazendo homem, sumidinho assim?!🤔🤔
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