Querido e saudoso Bloguinho🌹
A inspiração não me tem feito companhia para te visitar deixando as pérolas que encontro pelos caminhos por onde ando.
Ou esses caminhos continuam sendo os velhos e monótonos caminhos e portanto, talvez que já não encontro tanta ou nenhuma beleza neles;
Ou mesmo caminhando por novas estradas meus olhos perderam a inocência de ver beleza em tudo;
Ou encontro-me num estado de ausência de beleza poética a banhar a alma. A minha Pollyanna se aposentou sem minha autorização.
São tantas as possibilidades, que posso me perder do meu intento de estar aqui.
O fato é que precisando enviar um e-mail comercial senti o desejo de, ao final, deixar uma mensagem de Natal para o meu destinatário.
Tudo que encontrei de lindo era uma espetada na consciência de quem o lê. A comecar pela minha.
Não posso num email comercial me utilizar dessa premissa.
Assim, continuei procurando e me lembrei de Elie Wiesel, porque quem me apaixonei literariamente, e encontrei essa pérola de texto.
Aí meu Deus, que homem espetacular Elie Wiesel, e todos os que através de sua literatura tem o que dizer, assim como nesse texto.
Que sentimento de alegria envolveu minha alma, hoje meio que entristecida por questões de trabalho. Não dá para sorrir toda hora mas me sinto bem feliz aqui é agora.
Peço ao Deus da minha alma que não permita que esse sentimento vá de mim. Que eu reaprenda a ser a minha garimpeira da beleza para que minha alma não dependa da felicidade que venha de outrem, mas sim a da persistência de minha alma em ser alegre, pois como nos ensina o poeta ~ pois ser alegre é bem melhor do que ser triste~
Também peço meu Senhor que eu largue esse Instagram pois perco jiito tempo, precioso tempo, olhando dancinhas , os adoráveis macaquinhos e a vida alheia. Ao passo que poderia estar lendo os livros que comprei e que esperam ansiosamente pela minha atenção.
O da minha minha mesinha de cabeceira criativa no momento é ~ O diário de Anne Frank ~
E, finalmente, pensemos a respeito do Natal com a eloquência de Elie Wiesel, e não apenas com os seus exageros culinários e gastos dispendiosos e falsos amigos secretos.
(O meu e-mail de trabalho que continuei a esperar um pouquinho mais 😀)
O milagre de Natal - dezembro de 2013
1. Lê-se em As portas da floresta, de Elie Wiesel, que quando o grande Rabbi Israel Baal Shem-Tov via a desgraça a ameaçar os judeus, costumava dirigir-se a um determinado lugar na floresta para meditar. Quando lá chegava, acendia uma luz e dizia uma oração apropriada; o milagre realizava-se e a desgraça afastava-se. Mais tarde, quando a desgraça voltava a ameaçar, o seu célebre discípulo, Magid de Mezeritch, dirigia-se para o mesmo lugar, na floresta, e dizia: «Senhor do universo, escuta! Não sei acender a luz, mas ainda sou capaz de dizer a oração». E o milagre realizava-se outra vez. Mais tarde ainda, Rabbi Moshe-Leib de Sassov, para salvar uma vez mais o seu povo, dirigia-se para a floresta e dizia: «Não sei acender a luz, não sei a oração, mas sei o lugar e isto será suficiente». Era suficiente, e o milagre voltava a realizar-se. Aconteceu depois vir a desgraça sobre Rabbi Israel de Rizhin. Este sentou-se na sua cadeira de braços, pôs a cabeça entre as mãos, e falou a Deus: «Já nem sequer sei encontrar o lugar na floresta. Tudo o que posso fazer é contar a história, e isto deve ser suficiente». E era suficiente.
2. A história de Elie Wiesel falava da realização fácil de um milagre que tinha a ver apenas com saber um lugar, acender uma luz, dizer uma oração. Mas falava também de como, pouco a pouco, de geração em geração, se foi perdendo sucessivamente a ciência de acender a luz, de dizer a oração, de saber o lugar, tendo ficado apenas a história que se contava. E o certo é que bastava contar a história para que o milagre se repetisse.
3. A história de Elie Wiesel pode aplicar-se ao Natal que já bate à nossa porta. Todos fazemos uma festa em nossa casa, montamos um presépio ou colocamos uma árvore iluminada à janela ou no jardim, fazemos muitas compras, gastamos muito dinheiro, oferecemos e recebemos muitas prendas, e por toda a parte há mais música e luz. Mas, se já não sabíamos o lugar, nem acender a luz, nem dizer a oração, parece-me agora que uma parte significativa desta geração também já nem sequer sabe a história ou rapidamente a começa a esquecer.
4. Estaremos perante um grande empobrecimento cultural e espiritual se amanhã as crianças começarem a pensar que o Natal é só compras e prendas, e já nada souberem do menino nascido em Belém há 2000 anos e que veio realizar a maior revolução de que há memória no coração da humanidade. Se nós já não sabemos contar a história, haverá com certeza cada vez mais só compras, prendas, doces e sorrisos, e pais-natais nos hipermercados, mas o milagre não acontecerá. E Natal sem milagre, que Natal é?
5. Pais e mães, não vos limiteis a comprar, comprar, comprar. Contai a verdadeira história do Natal aos vossos filhos, para que haja milagre em vossas casas. Em vós e neles. Vereis que é tão fácil e muito mais bonito.
É outra vez Natal é outra vez a hora
De salvar o que resta do tesoiro
Que Deus depositou há dois mil anos
No coração dum menino imorredoiro.
Apressa-te menino e cresce devagar
Das tuas mãos pequenas e abertas
O testemunho do amor há-de passar
Às nossas velhas mãos que tu apertas.
António Couto
https://mesadepalavras.wordpress.com/2008/12/21/o-milagre-do-natal/amp/
Comentários