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~🌷Carlinhos🌷~

~05/11/1951 10/10/2019~


Aqui estávamos almoçando no dia do meu niver ano passado, 11 de novembro.
Mantinha ele numa dieta para evitar um novo AVC, mas quando saíamos a dieta estava liberada.
nesse dia comeu um pratinho generoso de indique puro. E tomou sorvete. Coquinha e comeu bolo. Estava bem felizinho. 

Como vou comemorar meu próximo niver no dia 11/11 sem vc? E ainda sendo que será um mês do seu enterro?

Aqui em casa já era mais silencioso com ele no hospital, mas minha esperança de trazê-lo não permitia que esse silêncio me incomodasse.
Mas a medida que os dias se alongavam no CTI já a esperança ia desfalencendo.
Mas agora ela morreu com ele.

Estou só aqui e se antes por muito tempo reclamei da minha falta de liberdade, hj ainda não consigo associá-la a uma alegria que seja.
Até muito pelo contrário. 
Meu irmãozinho  precisou morrer para que eu pudesse renascer. Pois se voltasse para nossa casinha seria com sequelas mentais sérias e ainda com o fêmur fraturado e sem prótese. 
Talvez nunca mais pudesse colocar uma prótese. 
Seria para ele talvez a morte em vida e para mim, muita dor e cansaço etc.
Ainda mais que meu irmão Ze, o que me levava para o hospital estará voltando para Minas em dezembro. 
Seria terrível a possibilidade desse novo cenário. 

Mas a realidade agora é triste e sombria.

Perder um alguém calorosos é doido demais.
Mas se essa morte vier acompanhada de um cenário sofrido e cheio de ausências como o foi do meu irmão nesses dias todos de hospital, entubado e desacordado, a morte parece um rasgo nas entranhas.
Sua hospedagem no hospital foi de 22 de maio a 10 de outubro. E desde 5 de setembro no CTI. 
Foram tantos dissabores e dores lá. Mas teve muitos bons momentos, por mais dificil que possa parecer, também. Principalmente, os que passava o tempo massageando seus pezinhos, cuidando de sua barba e cabelo, e passando creme em seu corpo. E nossas conversinhas. E os risos e as conversas com outros enfermos. Tinha uns caros muito hilários e que faziam piada com as próprias dificuldades. Pois se não havia motivos para sorrir, criavam alguns. O que não podia faltar eram os risos.

Sinto-me só, muito só  na alma. 

O Carlinhos tinha uma história comigo que se deu muito antes do episódio de morar na minha casa,  a partir de 16 de maio de 2016, quanto teve o AVC.
Tive que mudar meu estilo de vida, de trabalho, para acolhe-lo.

Foram meses prostrado numa cama hospitalar.  Comendo papinha e usando fraldas.
A reabilitação plena, devoltar a andar só  no final de 2016.
Mas até  21 de março em nossa rotina estavam 1 fisioterapia e 1 fono na semana.
Fora os cuidadinho em casa.
Cuidei dele como se meu filho fosse. 

Não perdi apenas  um irmão. Perdi um filho pois desde sempre cuidei do Carlinhos  com uma postura diferenciada pela sua timidez e limitações. 

Fiz um bar em 1992 ao lado de minha casa, e deixei com ele desde então. 
Foi seu sustento e prazerzinho nesses anos  todos.
Além  que de me respeitava e considerava muito minhas opiniões quandodeles necessitava.
Em 2012 quando adoeceu seriamente fiz ele pagar uma autoria  (pois ele dizia: pagar INSS para quê?) 
Pois é. 
Esse INSS o aposentou por invalidez em outubro de outibro de 2016. 
Ajudou-me grandemente e principalmente na compra de remédios para depressão e memória.  Sempre caros.

Falar aqui dessa dor tem o poder de me aquietar o coração e derramar seu pranto sem lágrimas nessas linhas.

Há dois episódios que quabno voltam à lembrança me turva o olhar.
Ele me chamando no portão da varanda doa fundos para me dar um bolo, um pudim acompanhando de seu sorriso tímido.
Ou quando estando na cozinha dava com ele na porta me pedindo alguma coisa.
Seus passos eram silenciosos e gentis, assim como seu sorriso é  viver. 
De extrema timidez não i terapia com a família. 
Mas também  não dava um trabalho. Vivia sua individualidade caseira e introspectiva. 

Sextas era o dia da faxina no seu quartinho e banheiro únicos.
Dividia o quartinho com um guarda roupa. Assim a cozinha fica isolada.
O cimento queimado e brilhante de seu quartinho era lindo de se ver. 
Tinha uma mesinha perto da janela sob um tapete.
Dava gosto de entrar na sua pequenina e simples e reluzente casinha. 

Nesse momento já choro com as lembranças. 

Suas roupinhas já dividi entre o de e Nesto.  Luiz não quis nada..
Ainda sobrou umas coisinhas. 
Fiquei com 2 shorts e 2 camisetonhas que hj já usei para minha caminhada.
Voltei a elas. 
Primeira das liberdades retomadas. Não tinha tempo e nem animo desde ano de 2018.

Fiquei também com uma sandália que dei de Natal para ele.
Fixava tão lindo e fresquinho com ela.

Umas fraldas que ganhamos esse ano já foram entrevu3s a um coleguinha para doação. 
Resta umas bermudas e calças jeans que preciso doar.
Tentando ofertar para pessoas que vieram visita-lo quando aqui estava e precisava de carinho e recebeu. 

Ainda há  a cadeira de rodas que recebemos emprestada qdo da cirurgia do femur.  Vou devolver .
Tá escondidinha no quarto dele, que preciso me habituar a chamar de quarto de hóspedes ou outra coisa qualquer. 
Há a de banho. Que ganhamos em 2016 e usou bem.
Devolvi ano passado para o meu irmão Luiz que se recusou a doa-la pois poderíamos precisar. E nao é  que estava certo?!?!?
Algo me diz para mantê -la.
Vou tentar fazer uma capa e colocar um almofada e vai virar uma cadeira de descanso. 

Ainda tenho o colchão pneumático  que comprei agora há pouco e ainda parceria em 10 vezes. Loucura. 
Esse vou ficar.
Já higienizados e coloquei sobre sua caminha nova que mal desfrutou.
Qualquer dia vou ligar o colchão e deitar sobre ele.
Serva para massagear a coluna e relaxar.
Vamos ver se.vou aguentar.
Se não, volta para a caixinha dele.
Sempre guardo as caixas.
É essa mania não vai me deixar esclerozar pois vou ter sempre algo para me ocupar , remexer as lembrancas e chorar. Pregando assim o coração sempre enraivecido pelas durezas da vida.

Assim vou seguindo. 
Cada dia um novo dia.
Ainda que repleto de velhas lembranças. 

Uma coisa me deixa feliz. Ainda que por muitas vezes chata e ranhenta com ele, teatro com o meu mais puro amor e dedicação. 
Isso é extremamente consolador. 

Obrigada por tudo Senhor. 
E ao meu irmãozinho Carlinhos que nesse tempo  que aqui ficou muito me moldou e suavizou o meu coração enregicido.


  





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