"Mantenho, é claro, o meu propósito de lançar pseudonimamente a obra Caieiro-Reis-Campos. Isso é toda uma literatura que eu criei e vivi, que é sincera, benéfica incontestavelmente, nas almas dos outros. O que eu chamo literatura insincera não é aquela análoga à do Alberto Caeiro, Ricardo Reis ou do Álvaro de Campos (o seu homem, este último, o da poesia sobre a tarde e a noite). Isso é sentido na pessoa do outro; é escrito dramaticamente, mas é sincero (no meu sentidoda palavra) como é sincero o que diz o Rei Lear, que não é Shakespeare, mas uma criação dele.Chamo insinceras às cousas feitas para fazer pasmar, e às cousas, também - repare nisto, que é importante -, que não contém uma fundamental idéia metafísica, isto é, por onde não passa, ainda que como um vento, uma noção de gravidade e do mistério da Vida. Por tudo isso é sério tudo o que escrevi sob os nomes de Caeiro, Reis, Álvaro de Campos.Em qualquer destes pus um profundo conceito de vida, diverso em todos os três, mas em todos gravemente atento à importância misteriosa do existir. (In CP.)"
{Fernando Pessoa
em carta a A. Cortes Rodrigues, em 19 de janeiro de 1915}
Anotações
por Maria Aliete Galhoz
poemas completos de
Alberto Caeiro
heterônimo de
Fernando Pessoa
Editora Nova Fronteira
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