Caríssimos amigos e caríssimas amigas,
mesmo sendo um grupo pequeno de amigos, gostaria de convidá-los para o culto que celebrará a minha ordenação ao pastorado Batista. Sei que muitos estão envolvidos em infinitas tarefas e, muitos de vocês, em lugares distantes. Contudo, mesmo relutando por mais de oito anos, agora acredito poder iniciar os passos de aprendizagem nesta carreira que ainda suspeito não ser bem habilitado.
Certo é que, diante das durezas da vida, me vejo fortalecido para esta decisão. Acredito que o ofício do pastorado celebra a educação advinda da "sabedoria eterna" (Deus) como resposta (Mt 4.23) à miséria humana. Independentemente de quais sejam as faces dessa miséria, certo é que o Evangelho nos surge intensamente redentor.
A opção ao serviço de Cristo, no ofício de pastor, é curso de diaconia, cuidado e educação (Fil. 2). Imagino que as minhas palavras pouco expressa aquilo que acredito. O meu suspiro silencioso, impotente ou apofáctico, traz à memória um Deus que, na forma de homem (em Cristo), sempre andou para a imersão na vontade (telos) do Pai eterno (o Si-mesmo criador, salvador e consolador) - mesmo diante do maior desafio: a opção que leva à morte (Mt. 26,39).
Contudo, este Cristo, Deus encarnado, que sofre, morre e nos ensina que a vida é abismal, é Aquele que se mostra presente em quaisquer circunstâncias. O único que é capaz de ter as chaves da morte e a fonte de toda a vida (Jo. 1.1, pois é o logos criador), é Aquele que nos convida a seguirmos a vontade de Deus e também a nos apartar do mal: é melhor morrer com Cristo, para que, assim, ressuscitemos nele (ou com Ele) (Rm. 8,38; Col. 3).
Caríssimos, a Bíblia não é um livro fácil. Como diria o filósofo e teólogo francês Paul Ricoeur, as suas palavras são aberturas de sabedorias profundas. Bach inventou um tonalismo complexo para cortejar as mensagens da Bíblia aos ouvidos mortais, Angelus Silesius tentou fazer da poesia barroca o lugar destas palavras, os pintores bizantinos lutaram por transformar Evangelho em pituras ... contudo, a experiência vital de cada um de nós deve ser o local desta mensagem. Cada um de nós temos que lutar vivencialmente com esta Palavra. Ao contrário da flâmula das ciências iluministas e positivistas, as fontes religiosa da Bíblia só são enganosas para quem não sabe ler aquilo que transcende a convicção imediatista da experiência sensível.
Sei que muitos de vocês participaram ou ainda participam próximos a mim. Longe no tempo ou no espaço, presentes ou próximos, agradeço a oportunidade de convidá-los.
O concílio iniciará às 17.00 e o culto acontecerá às 19.30.
Endereço: RUA BENJAMIM CONSTANT, 39 NO BAIRRO GLORIA CIDADE RIO DE JANEIRO-RJ. Metrô: Estação da Glória.
Com os melhores cumprimentos,
Manoel Moraes
Esse é o Moraes, marido da minha Ruthinha, amiga linda do coração que tive a alegria de ser madrinha de casamento em 2005 e quem muito tem me ajudado a sustentar minha doce fé, msmo agora tão longe.
MANOEL RIBEIRO DE MORAES JR. Doutor em Ciências da Religião (UMESP), mestre em Ética e Filosofia Política (UERJ) e graduado em Filosofia (UERJ) e em Teologia (STBSB). É professor adjunto de Filosofia na Universidade do Estado do Pará (UEPA) e coordenador adjunto do Mestrado em Ciências da Religião na mesma Universidade.
(chorei no dia que recebi esse email e li o texto. Escrevi pedindo autorização para postá-lo. Ele não respondeu nem que sim nem que não. Guardei para o dia que meu coração pedisse para trazê-lo e hoje o faço, sem uma razão explícita, a não ser o seu pedido silencioso.)
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