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Ou

Vinha tão felizinha, curtindo a bela paisagem da Avenida Niemeyer, o mar, ouvindo música e pensando que iria falar disso aqui, dessa minha manhã de quinta a princípio tão boa e imaginava como seriam minhas linhas. No entanto um reles incidente, o mais banal deles, mas de um peso atroz para minha alma, cortou meu barato.

Perdi meu casaco. Não um mero casaco. Mas meu casaco verde de linha. Tão aconchegante e que mais do que agasalhava minha pele no frio do onibus de ar condicionado (porque não servia para um frio mais frio pois linha não aquece, só agasalha) já estava incorporado ao meu vai e vem de todos os dias. Carregava ele na mão ou sobre os ombros. E a mão já estava tão acostumado com sua presença que ao descer do banco em que estava sentada hoje, senti ua ausência de algo  e olhei para o banco para ver se tinha esquecido algo mas o vi vazio.

Desci do ônibus com confiança e depois de andar um pouco já perto do prédio senti falta do casaco e olhei para minhas mãos e deu um dorzinha. 
E não era para sentir ausência de nada, visto que estava tomada de bolsas. Duas no ombro direito, o que só utilizo,  e uma leve na mão esquerda. 
O corpo sobrecarregado de peso mas a alma, onde o casaquinho já estava agasalhado, sentiu sua ausência física.

Tinha esperança de ter esquecido no lugar que visitei hoje pela manhã e chegando aqui liguei para saber. Nada. Não estava lá e afirmaram que me viram saindo com ele nas mãos.

Nossa, tô me sentido meio que desnudada.
Estranha sensação esse de se perder algo que já está misturado na gente. E que por estar misturado deixou de ser uma coisa e criou laços.

Ou sou muito maluca. Ou muito vazia. Ou muito desocupada para dar atenção a algo tão corriqueiro (nãopara mim).Ou muito sensível.

O fato que estou com vontade de chorar. Posso ter, e tenho,  outros casaco mas não vai ser como o casaco verde. Escolhi essa cor por causa do meu chapeuzinho da Lupus e domingo comprei uma echarpe tão fofa, verde para combinar com ele.
Pensando no meu casaco verde, recordo  que:  logo que a vendedora o trouxe no cabide, o desejei. E ao colocar no corpo falei: é a minha cara, tem tudo a ver comigo (isso depois de ter experimentado alguns outros). E quando o usava  via minha imagem refletida nele  experimentava uma sensação de liberdade  pois seu comprimento, que vinha até os joelhos,  desenhava vôos na minha imagem,  pois ele esvoaçava por detrás de mim. Era uma alegria estar nele. Liberdade era a emoção que ele, vestido comigo, me causava.



Penso  passar na loja  para saber se tem um outro igual ou se aproveito essa oportunidade para aprender a me desvencilhar desse sentimento de posse, ou seria de devoção, ao que gosto e amo.
Não sei o que pensar. Só sei o que sinto. 

Preciso aprender a perder. E já percebo que é um aprendizado doloroso com coisas, que dirá com  pessoas.




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